sexta-feira, 27 de agosto de 2010

COMO CONQUISTAR UMA MULHER INTELIGENTE

O título desta crônica parece um ato falho machista? Parece, não é? Antes de ficarem chateadas comigo, as donzelas devem saber que por cada mulher pouco inteligente existe um homem com as mesmas características. Se não fosse assim, seria uma injustiça, porque sobrariam homens e mulheres em todo canto do planeta. E isso não ocorre porque os pares se juntam. Ainda bem. Ao final, sempre há alguma dose de masoquismo nos encontros amorosos, que ocorrem por necessidade ou desespero.
Como a retórica da conquista (nem sempre) pertence ao homem, o mesmo está propenso a tentar por assimilação ou múltipla escolha. Se o sujeito for meio bobo, deve tentar tantas vezes até encontrar seu congênere (estou falando disso intelectualmente). Por outro lado, se for inteligente e bonito, grande parte do repertório da pesquisa está assegurado, já que o esforço em ser notado torna-se secundário. Nessa parte do processo encontra-se o perigo. Vamos imaginar uma mulher super-bonita, que aparece diariamente nas colunas sociais. O bonitão se aproxima, ela sente sua presença e exercita todo tipo de mecânica de sedução visual: olhar distante com os olhos entrecerrados, posição de estátua da sétima arte e outras coisas do gênero. Nosso amigo inteligente (condição indispensável) deve fazer a pergunta padrão – a gente não se conhece da faculdade de filosofia? – e se a resposta for de onde é tal agência, deve partir para o próximo intento. Talvez seja mesmo no meio acadêmico ou nos lugares mais inesperados. O olho clínico do nosso conquistador deve estar aguçado para a escolha. Uma apresentação musical? Teatral? Um congresso? Um seminário? Uma biblioteca? Uma livraria?
Isso mesmo! Uma livraria. Vamos ao ataque. A mulher bonita está olhando um livro. Se for de auto-ajuda ou esotérico, pode esquecer. Se for de gastronomia, bom, isso prognostica o futuro. E se estiver folheando economia política ou alternativas educacionais? Se aproxime, veja o título e o autor. Paulo Freire? Eduardo Galeano? Darcy Ribeiro? Florestan Fernandes?
Nesse caso encontrará uma mulher inteligente e combativa. Vale a pena apostar nela? Depende do posicionamento político do marmanjo. Se estiver folheando poesia ou coisas similares, o sujeito deve estar capacitado para conviver com donzelas sublimadas. Se, por fim, se aproxima e intenta um início de conversa e o sorriso da bela se abre para o diálogo dialético, pode apostar que tudo dará certo intelectualmente. O próximo passo é usar a inteligência para o jogo amoroso. Tudo isso vale para os feios inteligentes também. Sem preconceito.
Victor Alberto Danich
Sociólogo

DICA PARA OS FEIOS

Se você não é muito lindo ou medianamente feio, não se lamente, há outras formas de recuperar a auto-estima. Como primeira medida paliativa, deve tomar a iniciativa de circular pela cidade até encontrar outro mais feio do que você. Isso ajuda a superar o trauma da historicidade de sua vida. Lembre-se que ainda existe a alternativa de exercitar a inteligência, apesar de correr o risco de haver outros concorrentes bonitos e geniais. Mas não desista, eles não são muitos.
Só deve tomar cuidado com certas armadilhas, não de outros homens, senão das mulheres. Elas, sedutoras e absolutas nas colunas sociais, tratarão você com o descuido complacente daquele ditado, insuportavelmente inverídico, de que a beleza está no coração. Não se preocupe, faça de conta que acredita. Quem sabe. Talvez encontre alguém que tenha um instinto maternal suicida e se compadeça com seu destino irreversível.
Nunca tente se consolar nos livros de auto-ajuda. Muito melhor é procurar uma mulher na Faculdade de Filosofia. Esse é o lugar certo. Aquelas damas que circulam nesse recinto, pode apostar, tem muita afinidade com suas características. Trata-se de uma espécie de compensação amorosa pelos limites da atração física. Também precisa saber, com absoluta convicção, que o pior lugar para circular é nos locais públicos. É justamente nesse espaço que sua desvantagem se acentua. Se você cede o lugar para uma mulher bonita na escada rolante, na entrada do cinema ou na fila do banco, pode ter certeza que pensará que lhe está passando uma cantada indesejada, própria de um tarado insistente (em contrapartida, se você fosse bonito, ela contará para as amigas daquele homem de olhar intenso e irresistível). Não chore companheiro. Nunca uma mulher disse para mim que era lindo, apenas simpático. Talvez seja este o último recurso que nos resta neste desigual combate de genética darwinista.
Victor Alberto Danich
Sociólogo

A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS

O leitor deve imaginar que vou falar de religião, não é? Nada disso, estou usando o título de maneira “alegórica” como forma de interpretar porque a grande maioria do povo brasileiro apóia a política de governo atual. Tirando a roupagem dos termos técnicos, armadilha usada pelos gurus da economia neoliberal para esconder suas frustrações em matéria de previsões, vou mostrar de forma clara como a população em geral foi favorecida por um crescimento sustentável da economia produtiva. Apesar do título, não há nada de sobrenatural nesta constatação. Vamos lembrar alguns fatos históricos sem assumir partidarismos políticos. O Brasil sofreu um forte ataque especulativo no segundo semestre de 2002, que provocou um impacto enorme nas finanças públicas, com uma inflação de 12% ao ano e uma dívida do setor público que beirava em 52% do Produto Interno Bruto (PIB). Para piorar a situação, as reservas internacionais do Brasil eram apenas de US$ 37,8 bilhões, das quais US$ 20,8 bilhões faziam parte de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em contrapartida, a economia mundial, em franco crescimento, permitiria ao Brasil obter um superávit comercial que ajudaria ao país nos anos posteriores, diminuindo favoravelmente sua vulnerabilidade externa. A visão ideológica que imperava até então, era que o mercado livre de intervenções, favorecia os fatores de produção de acordo com sua produtividade, recebendo por isso uma remuneração adequada. Ou seja, as decisões do mercado eram mais confiáveis e menos danosas que as do governo. Azar quem acreditou nisso.
No entanto, o governo eleito assumiu, no primeiro ano de 2003, uma postura de continuidade do modelo neoliberal herdado, tanto por causa dos compromissos externos como da imagem de credibilidade no combate ao processo inflacionário, aliado até então por uma forte contenção fiscal e cambial do país. Na medida em que a situação de vulnerabilidade diminuía, o governo aprovou uma mini reforma tributária de modo a elevar a arrecadação do Estado, que possibilitou implantar as bases econômicas da visão desenvolvimentista, até então engavetada. Tal postura, que para alguns é resultado de “populismos ineficientes”, refletiu-se, a partir de 2005, na adoção de medidas temporárias de estímulo fiscal e monetário, de modo a acelerar o crescimento para elevar a produtividade da economia. Paralelamente, houve um significativo aumento nas transferências de renda e elevação do salário mínimo, que permitiu o acesso ao consumo social a grande parcela da população mais pobre. Por outro lado, o estímulo ao investimento público e privado em capital fixo, chegou a uma taxa de 19,0% do PIB em 2008, que preparou o terreno para evitar o contágio da crise mundial em andamento. Com a redução da dívida externa, que teve seu ponto de inflexão no pagamento daquela contraída com o FMI, o país conseguiu acumular no final de 2008 um estoque total de reservas no Banco Central de US$ 207 bilhões, como forma de blindagem para qualquer tipo de crise que aparecesse no horizonte econômico internacional.
Se o leitor não gostou de números, vou partir para comentar algumas constatações que eu, como sociólogo, realizo “no campo” com trabalhadores anônimos, muitas vezes invisíveis para aqueles que os observam com olhos de superioridade intelectualizada, desqualificando-os como indivíduos incapazes de contrapartidas econômicas. Esse povo, no qual corre nas suas veias a esperança de continuar tendo uma vida digna com emprego seguro, que lhe permite ter acesso pela primeira vez a bens de consumo tantas vezes negados, e sonhar, ao mesmo tempo, que tudo pode melhorar daqui para frente, é suficiente para confiar “num país de futuro”. A voz do povo dificilmente se engana. Essa maré humana que corre nos bastidores da retaguarda produtiva, sente algo de novo na sua história e no seu esforço compartilhado, que é a participação efetiva no rumo virtuoso do país. Silenciosamente construído, tijolo sobre tijolo.
Victor Alberto Danich
Sociólogo

THE ECONOMIST

A edição semanal da revista britânica "The Economist" publicou uma reportagem muito interessante sobre o programa Bolsa-Família. A minha atenção no texto foi redobrada pelo fato de saber que a revista é de tendência conservadora, e poderia estar veiculando o tema de forma parcial, característica habitual das nossas publicações mediáticas. Realmente, fiquei impressionado como a matéria foi conduzida. Com o sugestivo título de “Happy Families”, a reportagem cita que os governos do mundo inteiro estão olhando para o programa, afirmando, nesse sentido, que iniciativas semelhantes estão sendo testadas em larga escala em outros países da América Latina, além de destacar a adoção de um modelo baseado no Bolsa Família pela cidade de Nova York, no mesmíssimo Estados Unidos. A reportagem também discute alguns problemas do programa, como por exemplo, algumas deficiências no âmbito urbano, no sentido de resolver percalços sistêmicos relacionados à exclusão social. No entanto, em contrapartida, é realizado um franco elogio ao projeto, dizendo que o Bolsa-Familia “contribuiu para o aumento na taxa de crescimento econômico do Nordeste acima da media nacional” e ajuda, ao mesmo tempo, a “reduzir a desigualdade de renda no Brasil”.
Por outro lado, a revista destaca alguns dados importantes como resultado do programa, entre eles o aumento da presença escolar em Alagoas, em que a metade das famílias sobrevive com o acesso ao Bolsa Família, afirmando que essa iniciativa ajuda ao “programa a atingir o objetivo de romper com a cultura de dependência ao garantir uma educação melhor para as crianças". Seguindo essa linha de raciocínio, a revista destaca que, além da educação, o programa do governo brasileiro também aumentou o poder de compra dos setores mais pobres da sociedade. Um dos mecanismos para efetivar a participação desses grupos esta assentada na oferta de microcréditos, que permitiu, conforme a história contada pela reportagem a título de exemplificação, de duas famílias alagoanas que conseguiram abrir um negócio próprio, por meio de um financiamento oferecido pelo programa, aumentando desse modo a produção de suas microempresas. No entanto, a imprensa brasileira de grande circulação destaca apenas as supostas deficiências que o programa enfrenta, usando para isso algumas das considerações do “The Economist” para reforçar suas argumentações. O primeiro, entre eles, está vinculado a suspeita de fraude nas informações obtidas pelos governos locais no sentido de determinar quem tem direito de receber o benefício, assim como a verificação correta da freqüência escolar vinculado ao mesmo. Outro problema citado é que o Bolsa Família se torne um programa permanente e não “apenas um impulso temporário de oportunidade para os mais pobres”. Mesmo assim, a reportagem conclui com uma assertiva interessante, não divulgada pela imprensa brasileira, que é a acusação injusta de que o programa está destinado a garantir votos nas eleições. Por tudo isso, é importante que os grupos em melhor situação econômica, que tem acesso ao consumo social, além da possibilidade de dispor de uma educação ampla e irrestrita, deveriam tornar-se multiplicadores, se realmente gostam de serem brasileiros, de divulgar e apoiar toda política pública que resgate a cidadania dos menos favorecidos. Nesse caso, o conceito de cidadania é a condição fundamental para o ponto de partida de novas formas de desenvolvimento. O bolsa Família cumpre tal função educadora, apesar dos problemas sazonais, que é a de ensinar que a distribuição de renda pode ser possível sem a submissão às leis do mercado. Fala-se muito de ética nos discursos enlatados, porém muito pouco sobre a transformação dos valores sociais e políticos, que permitam sonhar com a mudança e transformação dos valores econômicos. Talvez seja esse o problema que nos cega, a incapacidade de descobrir que, além dos posicionamentos políticos, o ser humano está acima de qualquer desejo partidário na construção de um país melhor.
Victor Alberto Danich
Sociólogo

EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

Torna-se impossível ter uma política educacional coerente em todos os âmbitos da sociedade, incluindo a de Ciência e Tecnologia, se não for realizado um projeto nacional de desenvolvimento em longo prazo, com características ideológicas e objetivos bem definidos, de modo que os resultados da pesquisa científica possam ser benéficos para o país. Vamos ampliar o conceito, como forma de aprofundar o tema, tão importante nesta época de mudanças econômicas e políticas. A definição concreta destes objetivos possibilita a mudança da tecnologia física e social, como também define as prioridades em pesquisa e desenvolvimento. Tal condicionante remete ao próprio papel social dos pesquisadores e universitários, incluindo os novos empreendedores ligados às atividades acadêmicas. Encontramo-nos na encruzilhada da descoberta de que a ciência universal pouco tem de universal, ela está confinada aos limites das nações avançadas. Nosso continente é condenado a padecer a tecnologia dos poderosos, tornando-nos incapazes de criar uma tecnologia nacional que permita sustentar nosso próprio desenvolvimento. Esse transplante de tecnologias, muitas vezes distantes das nossas verdadeiras necessidades, não apenas implica a subordinação cultural, senão que aumenta dramaticamente nossa submissão econômica. A multiplicação de um modernismo importado, ilhado num mar de atraso e ignorância, nunca será capaz de resolver o problema do subdesenvolvimento latino-americano, simplesmente porque este não é uma etapa do desenvolvimento, e sim uma contrapartida do progresso alheio. Recebemos tecnologias modernas como no passado foram recebidos espelhinhos e colares dos conquistadores. Mas tudo isso sempre foi colocado ao serviço dos outros, esses “outros” que nos enganam com os símbolos da prosperidade, tornando-nos incapazes de perceber que estes escondem os símbolos da dependência. Nesse contexto, no qual predomina uma sociedade de classes, em que apenas uma minoria chega ao ensino superior, a universidade torna-se, sem querer, um instrumento de dominação, reproduzindo o sistema e exercendo o controle social sobre a maioria desprivilegiada. Para que isso não aconteça, o ensino deve ser democratizado, implantando inovações, tanto no conteúdo quanto na metodologia de aprendizagem das disciplinas, técnicas, científicas e humanísticas.
Qual é o papel do educador nessa situação? Suas tarefas devem ser a de um agente multiplicador e integrador dos conhecimentos, ensinando como aprender e como transmitir, mas sempre focado na realidade social. Isso vale também para o ensino e desenvolvimento da tecnologia, no sentido de mostrar que suas realizações não dependem unicamente do conhecimento científico. A inovação de produtos e processos pode ser realizada empiricamente, tanto pela observação como pela combinação criativa de outros tipos de conhecimentos. O forte estímulo do poder público por meio de incentivos, seja através das instituições federais ou parceiros locais, trilha o caminho para politizar a ciência e tecnologia, desvinculando-a de sua pretensão de objetividade e neutralidade, reforçando assim a necessidade de estender à população a educação e informação sobre o papel da pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Nessa nova abordagem, a estratégia da educação para o desenvolvimento estará assentada no esforço de identificação e organização de todos os conhecimentos científicos disponíveis. A ativa colaboração entre cientistas e técnicos, por um lado, e cientistas sociais, por outro, torna-se o foco principal para dimensionar o papel das inovações tecnológicas, cujo objetivo fundamental, além do crescimento econômico, deve ser a justiça distributiva e o bem-estar de toda a população. Uma sociedade orientada para esses objetivos, oferecerá ao povo a oportunidade de participar nas decisões que afetam a produção, a distribuição e consumo de bens e serviços, que é resultado, em última instância, do esforço coletivo de toda a sociedade.
Victor Alberto Danich
Sociólogo

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A GEOGRAFIA DA FOME

Recentemente, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) divulgou um relatório que indica a existência de 52 milhões de pessoas subnutridas, das quais, 7% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crônica na América Latina e no Caribe. Por outro lado, o Brasil é um dos quatro países citados pela ONU como destaque na diminuição da fome. O relatório “caminhos para o Sucesso” aponta o progresso feito por 16 dos 79 países monitorados pela FAO, no qual o Brasil, a Armênia, Nigéria e o Vietnã são citados como exemplo de países que conseguirão realizar a meta de redução da fome em 50% até 2015. Segundo o relatório, tal sucesso é resultado da criação de um ambiente centrado na promoção do crescimento econômico e o bem-estar social, que permita realizar investimentos nos setores mais vulneráveis da sociedade, de modo a planejar um futuro sustentável. O programa Fome Zero é citado como um exemplo dessa iniciativa, destacando que em 1991 o Brasil tinha 15,8 milhões de pessoas subnutridas, 10% da população. Em 2007 o número caiu para 12 milhões, o equivalente a 6%. A FAO também afirma que o país teve a redução “mais impressionante” das taxas de crianças subnutridas entre os países em desenvolvimento, especialmente no Nordeste que, em apenas três anos, tirou seis milhões de famílias (cerca de 20 milhões de pessoas) da pobreza extrema com programas especiais de segurança alimentar, no sentido de mitigar a fome numa região que tem uns dos índices de natalidade mais altos do mundo. Qual é a explicação para esses índices tão elevados?
Vale à pena detalhar porque ocorre esse tipo de fenômeno. O livro “A geografia da fome” do médico brasileiro Josué de Castro (1908-1973), cita que os altos coeficientes de natalidade são resultado de um princípio da biologia – a “teleonomia” – que é a propriedade que têm todos os organismos vivos de desempenharem as suas funções num ritmo e dinâmica que favoreçam ao máximo a sobrevivência do indivíduo e, sobretudo, da espécie. Sempre que uma espécie está ameaçada de morte, aumenta sua capacidade reprodutiva a fim de neutralizar o risco de exterminação. Os altos índices de natalidade dos países muito pobres obedecem à mesma lei biológica: representam o esforço natural dos seres humanos para sobreviverem em áreas em que a mortalidade é extremadamente alta. Só dispondo de um excesso de pessoas – a maior parte para morrer e não para viver – estes grupos poderiam perdurar através do chamado ciclo antieconômico da sua evolução populacional. A natureza do mecanismo biossocial que correlaciona em sentido inverso os baixos níveis de vida com altos coeficientes de natalidade, está ligado ao nível deficiente de alimentação, principalmente a fome específica de proteínas de alto valor biológico, fome que determina uma fertilidade potencial mais elevada na mulher, com capacidade de reprodução mais intensa. A situação das economias mais desenvolvidas ocorre no sentido inverso, no qual suas estruturas econômicas especiais que favorecem um abastecimento alimentar adequado, faz com que baixem os coeficientes de mortalidade. Esse fenômeno pode ser observado nos países desenvolvidos, nos quais o agir “teleonomicamente” também provocam uma baixa nos índices de natalidade, como é o caso dos países de alto nível de desenvolvimento econômico. Nesse caso, a fome é resultado do progresso econômico defeituoso, que agrava e torna esse flagelo o principal motivo para a miséria: “a baixa produtividade por falta de energia criadora e do consumo ínfimo por falta de produtividade que venha criar uma razoável capacidade aquisitiva”. Este fosso econômico entre ricos e pobres, divide a humanidade em dois grupos que, segundo Josué de Castro é: “o grupo dos que não comem, constituído por dois terços da humanidade, e que habitam as áreas subdesenvolvidas do mundo, e o grupo dos que não dormem, que é o terço restante dos países ricos, e que não dormem, com receio da revolta dos que não comem”.
Victor Alberto Danich
Sociólogo