quarta-feira, 6 de maio de 2009

O DIA EM QUE A TERRA PAROU

Nestes dias assisti à refilmagem do clássico de ficção científica “O dia em que a Terra Parou”, e voltei minhas lembranças aquela produção que chegou aos cinemas na década de 50. Eram os primeiros anos de pós-guerra, e o mundo estava consternado frente ao temor de uma contenda nuclear entre duas potências mundiais que polarizavam as consciências em ideologias rivais. A chamada “Guerra Fria” entre os Estados Unidos e a União Soviética, que reproduzia a toda hora o perigo latente da devastação total, era, no fundo, um sinal claro do processo que a humanidade sofre na sua luta entre o Eros e o instinto da morte. Naquela época, como agora, o desejo inconsciente do homem em duelar com seus semelhantes continua a mesma, e, ao mesmo tempo, sem muita hesitação, investe num franco apelo pacifista para dissimular sua agressividade. Os anos cinqüenta eram uma mistura de triunfalismo e tragédias. O interesse pelo desconhecido, pelo ataques extraterrestres e pelo temor de serem abduzidos por raças alienígenas, levou aos grandes estúdios de cinema a fazerem filmes de ficção científica, de modo a sublimar e direcionar o pânico dos espectadores para mundos longe da terra.
Nessa história de cinemateca, o filme trata sobre um alienígena que, acompanhado de um robô gigante, viaja milhões de anos luz para encontrar-se com os líderes mundiais, de modo a alertá-los sobre as conseqüências do mau comportamento dos terráqueos. É claro, que a nave espacial com forma de esfera transportando o vingador estelar, desce no Central Park de Nova Iorque. As outras, de menor importância, de modo a hierarquizar competências, se espalham no resto do mundo. Como todo cinéfilo deveria esperar, nosso amigo espacial é recebido a tiros. O Robô decide defender o chefe, e a guerra está declarada.
Na verdade, a analogia entre o processo civilizatório e o caminho do desenvolvimento individual é indicada através do superego modelado pela comunidade. Sempre há, no final de todo questionamento ético, a existência de um indivíduo notável, identificado através de uma esmagadora força de espírito, no qual seu impulso humano (nosso viajante é igualzinho a nós) encontra sua expressão mais pura na ação unilateral. Em todos os casos, a analogia vai mais além, no fato de que, quase sempre, tal figura é escarnecida e maltratada pelos outros e, até mesmo, liquidada de maneira cruel. Nosso amigo volta para seu planeta, apesar de tudo, convencido que os maldosos terráqueos merecem mais uma chance de sobreviverem. Desse modo, o superego cultural desenvolve seus ideais e estabelece suas exigências. Sempre, em toda circunstância ética, só um ser supranatural é capaz de colocar em ordem a natureza desregrada do ser humano, seja através da religião o de qualquer civilização do outro lado do universo.
Victor Alberto Danich - Sociólogo

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